sábado, 1 de maio de 2010

O Jardim

Há quem note neste jardim
Possuidor das mais belas flores
Imensidão de coruscantes cores
De uma beleza que não vê seu fim

Há quem veja nessa imensidão
De formas e tamanhos diversos
Esse oceano de odores dispersos
Bailar ao vento em suave redenção

Nesse vergel vê-se o Mundo em sua essência
Donde caem sementes de singela dormência
A erguer-se em pétalas de alegria e sofrimento
Germinando em lágrimas seus novos rebentos

Pois a vida ali é de dores e alentos
Flutuando pelo ar como dentes-de-leão
Levando ao longe alegrias e tormentos
Enfeitando a tarde de tristeza e paixão

Nesse jardim suntuoso a brisa corre
Açoitando a tudo com zeloso carinho
Entoando música àquele que morre
Suspirando bom-dia ao que nasce no ninho

Vê-se ao longe o sonoro revoar de amores
Que vêm e vão em crescente velocidade
Alvoroçando-se nas torrentes de saudade
Chamuscando o horizonte com infinitas dores

É assim que o percebo, meu doce jardim
Que não é grande nem pequeno, mas é o que é
Um eterno alvorecer de tudo aquilo que já vivi
O despertar de todas as almas que habitam em mim

Por fim, distantes de tudo, reconheço
O amarelo e vermelho nas planícies, a brincar
Fazendo do Sol um algoz feliz e confesso
Pois me queimam o rosto em deliciosa cumplicidade...

... e eu, impotente em felicidade...

... me ponho a chorar.

Guilherme Johnston

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