sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pretenso Saber

Eu sou muito
Mas permaneço um só
Em minha vida de noites claras
Ora sou densa lama, ora sou triste pó

Entrego-me ao tudo
Mas abraço a simplicidade do nada
Meu discurso é vasto, terno, mudo...
E assim sigo errante essa linda jornada

Possuo destino certo
Mesmo fadado à sina de errar
E se o perfeito parece sempre perto
Ainda assim me acena [insistente] esse irresistível falhar

Nos meus abraços, sou todos
No meu coração já fui muito ninguém...
Ainda assim, a despeito da dureza do tempo
O amor é quem fez de mim alguém...

E ele mesmo, o tempo
Em sua indescritível razão de ser
Causou-me profundas e dolorosas feridas
Mas adoçou infinitamente o meu viver

O que guardo comigo, agora
Foi cultivado num complexo antes
Na esperança de um ensolarado depois

E a cada vez que minha alma se fecha, chora...
Singrando mares solitários, distantes...
Percebo que nunca sou um só...
[Sou no mínimo Dois]

E se faço o que faço
Ou digo o que digo...

Em parte é mérito meu
A outra precisa ser desvendada

Há quem levante o braço
E discorde comigo...

Ao menos, criei alegria com o que o Mundo me deu
A tristeza me foi sendo empurrada...

E me traga o dia um espinho afiado
Ou uma lembrança preciosa e querida...
Sempre me resta esse confortante saber
De que meu caminho precisa ser trilhado...

E se o percorro ora ileso, ora machucado

Bem, meu amigo, isso...

[...É a vida].

Guilherme Johnston

Um comentário:

  1. gostei demais disto:

    "Nos meus abraços, sou todos
    No meu coração já fui muito ninguém..."

    belos textos, parabens

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