Eu sou muito
Mas permaneço um só
Em minha vida de noites claras
Ora sou densa lama, ora sou triste pó
Entrego-me ao tudo
Mas abraço a simplicidade do nada
Meu discurso é vasto, terno, mudo...
E assim sigo errante essa linda jornada
Possuo destino certo
Mesmo fadado à sina de errar
E se o perfeito parece sempre perto
Ainda assim me acena [insistente] esse irresistível falhar
Nos meus abraços, sou todos
No meu coração já fui muito ninguém...
Ainda assim, a despeito da dureza do tempo
O amor é quem fez de mim alguém...
E ele mesmo, o tempo
Em sua indescritível razão de ser
Causou-me profundas e dolorosas feridas
Mas adoçou infinitamente o meu viver
O que guardo comigo, agora
Foi cultivado num complexo antes
Na esperança de um ensolarado depois
E a cada vez que minha alma se fecha, chora...
Singrando mares solitários, distantes...
Percebo que nunca sou um só...
[Sou no mínimo Dois]
E se faço o que faço
Ou digo o que digo...
Em parte é mérito meu
A outra precisa ser desvendada
Há quem levante o braço
E discorde comigo...
Ao menos, criei alegria com o que o Mundo me deu
A tristeza me foi sendo empurrada...
E me traga o dia um espinho afiado
Ou uma lembrança preciosa e querida...
Sempre me resta esse confortante saber
De que meu caminho precisa ser trilhado...
E se o percorro ora ileso, ora machucado
Bem, meu amigo, isso...
[...É a vida].
Guilherme Johnston
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gostei demais disto:
ResponderExcluir"Nos meus abraços, sou todos
No meu coração já fui muito ninguém..."
belos textos, parabens