terça-feira, 6 de julho de 2010

Um pouco de mim...

Eu vou e volto, todo dia
Sou calmo e revolto, enérgica apatia
Encerro-me em mim e abro-me ao mundo
Desconheço a existência de início ou fim
Mas percorro meu caminho num segundo

Pertenço ao todos e saboreio o tudo
Ainda assim sou segredo, silencioso, mudo
Pois seja demasiado cedo ou deliciosamente tarde
Enquanto me apaga o medo, a coragem teima e arde

Faço-me virtude e defeito, água quente ou água fria
Porém, a noite, quando deito, sempre sou eu comigo
[nunca o que eu seria]
E se procuro abrigo num cobertor de falsidades
Mais me aperta essa dor, que é toda fatos, simples verdades

Vivo claro e escuro, com igual carinho
Por vezes sou disparo, noutras sou muro
Moro no presente, no passado, no futuro
Gosto de estar acompanhado, gosto de ser sozinho

Sou quase tudo aquilo que quero
E não fui quase nada do que queria
Jamais chego exatamente aonde espero
Mas sempre estou além de onde deveria

Existo no muito, mas sou uma coisa somente
Posso ser fraco ou forte, calmo e insistente
Sem nunca escapar, esquivar-me completamente
Dessa sina de amar, amar, amar, amar...

[...amar loucamente]

Guilherme Johnston

Um comentário:

  1. “A gente começa a amar
    Por simples curiosidade,
    Por ter lido num olhar
    Certa possibilidade.
    E como, no fundo, a gente
    Se quer muito bem.
    Ama quem ama somente
    Pelo gosto igual que tem.
    Pelo amor de amar começa
    A repartir dor por dor,
    E se habitua depressa
    A trocar frases de amor.
    E, sem pensar, vai falando
    De novo as que já falou,
    E então continua amando
    Só porque já começou.”

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